Keverton Kerscher está na metade da graduação em Publicidade e Propaganda e já desempenha um cargo de gestão na empresa onde trabalha. Conheça essa história!
Em 2018, pesquisadores e cientistas políticos da CNI, a instituição máxima de organização do setor industrial brasileiro, foram às ruas perguntar à população quais eram os três principais problemas do país. Descobriu-se que entre todas as exibições do show de horrores verde e amarelo que configurou 2018, o ranking das adversidades campeãs em tirar o sono dos brasileiros à noite ainda permanece bastante tradicional: desemprego, corrupção e saúde pública.
Não dá para dizer que o topo da lista surpreende. Desemprego já é carta marcada no Brasil, e diferente dos assuntos que dividem o país em opiniões conflitantes, não há quem discorde que o ócio induzido continua sendo uma questão de urgência nacional. As estatísticas mais recentes, inclusive, passaram a destacar uma classe especialmente afetada por este cenário: a dos recém-formados. Quem assina diploma nem sempre acaba assinando contrato. Na verdade, um terço dos universitários continuam sem conseguir emprego nos primeiros anos após a formatura. Um terço, em um país onde o número de estudantes no ensino superior ultrapassa os 8 milhões, é uma porcentagem, no mínimo, alarmante.
Se começar uma carreira depois da faculdade é tão difícil, começar antes mesmo de se formar deve beirar o impossível, certo? Errado. Ou, pelo menos, é o que parece quando converso com Keverton Kerscher, que aos 23 anos, e ainda com um ano e meio de faculdade de Publicidade e Propaganda pela frente, já é coordenador administrativo na Motion Publicidade. Começou na empresa em 2017, como estagiário de mídias sociais, mas desempenhava tantas funções – e era tão bom nelas – que acabou sendo efetivado em menos de um ano, desta vez na área de marketing. A cereja do bolo veio algum tempo depois, em janeiro de 2019, quando foi promovido a fazer parte da gestão da empresa, e sentiu que o lugar lhe cabia na medida certa. Aos 23 anos, Keverton tem mais certeza de seu chamado na vida do que muito profissional veterano no mercado.
“Desde pequeno, gosto de desenvolver meu espírito de liderança”, ele fala, e a vocação é tão óbvia que torna a fala quase desnecessária. Basta passar quinze minutos assistindo a sua rotina de trabalho para ter certeza de que Keverton é uma das engrenagens essenciais que mantém a empresa em pé: ele faz malabarismos para gerir processos internos ao mesmo tempo em que gerencia a própria equipe, sistematizando tarefas e apagando incêndios entre clientes e colaboradores.
“Se você não entende de pessoas, não entende de negócios”, afirma. Este ano, para assumir a vaga, Keverton decidiu acrescentar um diploma de coachee ao seu currículo. Fez, pelo Senac, um curso de três meses dividido em três módulos principais: autoconhecimento, metas e liderança, ministrados pela psicóloga e coach Gabriela Marcinichen. Aprendeu muito sobre como lidar com pessoas, mas, principalmente, sobre como lidar consigo mesmo. O curso, assim como o novo cargo, ajudou a direcionar sua energia para encontrar as maneiras certas de orientar pessoas, e também de se portar com mais tranquilidade diante das situações complexas no dia a dia na agência.
Em 2017, quando Keverton pisou na Motion pela primeira vez, a empresa ainda era bem pequena, com um time de nove pessoas nas áreas de social media e design. Lá dentro, passou pelos setores de planejamento e atendimento, participando do desenvolvimento de briefings, das reuniões com clientes e da elaboração de pesquisas de mercado. Ele e a Motion cresceram juntos, e talvez seja por isso que hoje funcionem da mesma maneira: organizados, otimistas e sempre prontos para estender uma mão amiga.
Em um país com índices altíssimos de desemprego, a capacidade de reverter um cenário tão intimidador é mais do que elogiável: é inspiradora. Não existem pais com redes de contato influentes ou privilégios de mão beijada nos bastidores dessa história. O mérito é transparente e pertence somente a ele.
Ainda que um caso isolado de sucesso não tenha força para abalar as estatísticas, é importante que narrativas felizes também tenham espaço para serem contadas. Os números ficam mais fáceis de serem digeridos se soubermos que sim, aquela ideia pode dar certo. E, se nada mais isso trouxer, ao menos é agradável contemplar a pequena dilatação que se dá no universo a cada vez que um pequeno mundo triunfa, e mostra que existe um jeito para fazer funcionar.