De caixa a gerente administrativa: conheça a história de Flaviana Crispin

O município de Porto Brasílio não apresenta nenhum resultado de busca no site do IBGE. Na primeira página do Google, os únicos resultados são para a previsão do tempo – calor e chuva nos próximos dias – e um vídeo um tanto quanto peculiar postado no YouTube em 2009, com um slideshow de fotos de pescaria embalados pela música “Sem trânsito, sem avião”, da dupla sertaneja Victor & Leo. E isso é tudo. Para todos os demais efeitos, o município de Porto Brasílio simplesmente não existe.

Mas é claro que nem só de Copacabanas é feito o Brasil; e Porto Brasílio, em seu próprio pedacinho de mundo, se ergue com tanta firmeza quanto qualquer outra metrópole. A maioria dos moradores trabalha na roça, contribuindo para a modesta economia local, e se acostuma desde a infância a andar por ruas de terra e a lançar anzóis em rios de margens amplas.

Flaviana Crispin cresceu por estas terras simples, e até hoje não sabe ao certo o tamanho da população de Porto Brasílio. Quinhentos?, ela arrisca, hesitante. A Internet também não sabe dizer. Quando se mudou para Curitiba, Flaviana pensava em ser professora. Chegou a fazer magistério, mas acabou descobrindo que lecionar não era bem a sua vocação. Precisou reorganizar seus planos, a menina de Porto Brasílio que tentava a sorte na capital.

Flaviana Crispin cresceu por estas terras simples, e até hoje não sabe ao certo o tamanho da população de Porto Brasílio. Quinhentos?, ela arrisca, hesitante. A Internet também não sabe dizer.

Demorou um pouco, mas Flaviana recebeu uma ligação que a convocava para uma entrevista de emprego. A vaga era para assumir o caixa no BioPosto, onde havia entregado um currículo quatro meses antes. Três dias depois da entrevista, Flaviana foi contratada.

 

Acabou descobrindo uma infinidade de coisas durante os primeiros meses no emprego. Primeiro, porque o BioPosto faz parte de uma holding bem maior – o BioGrupo -, com mais de dez empresas em funcionamento no mercado. Segundo, porque encontrou na gestão a vocação que havia faltado no magistério. Em pouco mais de um ano, foi promovida a auxiliar administrativa; e mais um ano depois, gerente. “Me encontrei na administração”, ela diz. “Parece que quanto mais aprendo, mais tenho vontade de aprender”.

 

Flaviana relembra a primeira reunião de que participou junto com colaboradores e diretores, e como se sentiu acolhida pelo novo mundo em que aos poucos adentrava. Conheceu um bocado de gente bem especial pelo caminho, como Sandro, diretor do BioGrupo que repetia, convicto, o quanto acreditava que Flaviana tinha futuro, e Rose, gerente na época, que se dispôs a ensinar tim-tim por tim-tim como as coisas funcionavam na empresa.

“Tudo que aconteceu me ajudou a acreditar mais nos outros e em mim mesma. Se me perguntassem se algum dia eu imaginava estar em uma posição de gerência no grupo, eu não acreditaria. O que eu tiro de tudo isso é a certeza de que devemos acreditar em nosso potencial”, conta Flaviana, cinco anos após a mudança para Curitiba.

Graças à guinada na carreira, Flaviana hoje tem casa própria, onde vive com as duas filhas e o marido. Quando questionada sobre suas motivações, fala muito sobre a importância de acreditar no próprio crescimento, e em como foi fundamental batalhar por seus objetivos – um discurso à la Tony Robbins que faria muita gente tirar as pernas do sofá. Seu grande plot twist se deu quando deixou uma comunidade sem acesso a nenhum tipo de tecnologia para assumir um cargo de negócios essencialmente ligado ao uso de computadores – e venceu.

No final da nossa conversa, Flaviana me pede para transmitir seus agradecimentos a duas pessoas: seus amigos e colegas de trabalho Amanda e Luiz, que confiaram nela e contribuíram para seu desenvolvimento pessoal e profissional. Esse texto é um espaço inteiramente da Flaviana, então aí vai: Obrigada, Amanda e Luiz, pelos papéis desenvolvidos nesta história. E obrigada, Flaviana, por compartilhar seu pedacinho de mundo com a gente.